quarta-feira, 26 de março de 2014

Aceitar ou não aceitar o termo “exemplo de superação”?!

Eu tenho uma deficiência (auditiva). Ao contrário, a deficiência NÃO tem a minha PESSOA. Ela é PARTE e NÃO o TODO do meu ser.
Partindo desse pressuposto, relato uma discussão enriquecedora de opiniões entre pessoas com deficiência que presenciei acerca a questão: aceitar ou não aceitar o termo “exemplo de superação”?!
Alguns não gostam ou não se identificam com este termo e outros simplesmente não ligam. O termo EXEMPLO DE SUPERAÇÃO tem sido proferido com frequência direcionados principalmente para pessoas com deficiência, seja ela qual for. O que divide as opiniões entre as pessoas com deficiência em relação a este termo?
Aqueles que não gostam ou não se identificam com este termo, justificam o seu incômodo alegando que é o mesmo que chamar a pessoa com deficiência de coitado. Que virou rótulo e chavão dito banalmente para qualquer pessoa com deficiência quando na verdade a pessoa está apenas vivendo da melhor forma possível dentro das possibilidades que a vida lhe oferece. Alguns dos vários exemplos: “achar que pelo simples fato de ser uma pessoa com deficiência e estar tocando a vida em frente é exemplo de alguma coisa” ; “A pessoa não te conhece, nem tem ideia da sua história, mas te fala "nossa, que exemplo de superação"”; “da forma deliberada que dizem é sim dizer "até que o coitadinho é capaz de alguma coisa"".
Aqueles que simplesmente não ligam alegam que basta a forma como pensam e encaram o ato de superar e que opiniões alheias não interferem na sua posição. Que o coitado é quem pensa assim das pessoas com deficiência.
A minha opinião, após o debate na qual participei é que tudo é relativo, depende do ponto de vista. Nós somos o que somos independente do que o outro acha ou diz a nosso respeito. Depende do contexto e de quem fala. O fato de superarmos algo, não significa ser coitado. E sim, podemos ser exemplos de superação e com orgulho. Superação pois sobrepomos as várias barreiras (seja ela quem for, deficiência, financeiro, emocional, etc) que a vida nos deu, e soubemos tirar proveito de quase todas elas. Superar é virar a página, de forma super natural. Superar é conquistar e isso é mérito de poucos! A minha visão de superação vai muito além da conexão com deficiência. Então não vejo absolutamente nenhum problema que digam que eu sou exemplo de superação ainda que muitos achem que sou coitada. Estou nem aí para o que eles acham, já basta a minha definição de superação. E isso não significa que eu não seja capaz de simplesmente viver a minha vida da melhor forma que eu puder, sendo ou não sendo “exemplo de superação”. O termo que me encaixam não importa. Importa o meu quadro da vida e as cores que eu coloco nele! 
Fique a vontade para manifestar a sua opinião, lembrando que para que ela seja civilizada, é bom reforçar que evitem falar de pessoas.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A um dia do Implante Coclear

Vidas!!! Estou a UM PASSO da cirurgia de Implante Coclear!! Será AMANHÃ! Hoje acordei as 05:30 horas da manhã de tão tensa...até dor de barriga eu tive :( . Mas a parte BOA é que minha tia Cátia chegou ontem a noite e hoje cedo chegou a minha irmã Nívia. Daí passamos a manhã e a tarde quase toda no quiosque na praia, tomando água de coco, degustando um delicioso camarão entre várias prosas, descontrações e risadas! QUE DIA GOSTOSO! Pude realmente extravasar quase toda a minha tensão e ansiedade. Durante o momento no quiosque na beira mar, eu sequer pensei na cirurgia! :) Logo irei a igreja para sintonizar mais ainda com Deus e meditar na palavra.
Ô momento DELÍCIA! Meu amado pai logo chegará hoje a noite para juntar ao time dos que estarão comigo na cirurgia de Implante Coclear amanhã as 8 horas da manhã no Vitória Apart Hospital.
Minha família toda mora em Minas Gerais, com exceção de mim que moro em Santa Catarina.Está sendo maravilhoso ter a presença, a atenção e os cuidados da minha família aqui em Vitória-ES. 
Minha irmã Nívia cuidará de mim aqui em Vitória após a cirurgia até o dia que o médico me der alta para viajar. Daí irei para minha terra, Belo Horizonte-MG cumprir o restante do resguardo pós-operatório com a família.
Dia 30/11 com a graça de Deus voltarei para Santa Catarina para voltar a rotina diária no dia 02/12 com todo o pique! :)
Mais uma vez, eu agradeço imensamente o apoio, força, torcida, vibrações positivas, orações e rezas, enfim, tudo do BEM que enviaram a mim! :) Que Deus retorne em dobro para a sua vida.


Grande abraço pessoal!


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

IMPLANTE COCLEAR – A descoberta da minha surdez


Eu nasci ouvinte, segundo relatos dos familiares. Desde pequenina eu era muito atenta aos sons, principalmente aos sons que vinham lá em baixo da ladeira da cidade de Catas Altas-MG, que eram do padeiro e confeiteiro gritando:
- Quem quer biscoito!!?? / Olha o pastel!!
E eu corria para a janela dizendo:
- Qe qé bicoito / Ao papel!  :) Estas lembranças sonoras, dentre outras, marcaram a minha família, elas são a prova de que eu ouvia.
Sou a primogênita e nasci em Belo Horizonte-MG, mas meu primeiro lar foi em Catas Altas-MG, uma cidade belíssima, bucólica, ecológica, e que faz parte da Estrada Real. Cresci em meio a natureza, sempre em contato com os animais (AMO MUITO!), com a água das cachoeiras, com o verde que sempre me embalou e trouxe pureza a minha vida.
Minha casa vivia cheia de amigos e parentes, eu e meu irmão Pedro éramos sempre paparicados e amados por todos. Pelas fotografias eu vejo que foi uma época muito gostosa, festiva, de muita união.
Minha surdez aconteceu na mesma época que meus pais estavam se separando, assim como também aconteceu a doença renal do meu irmão Pedro. Parece que foi um efeito dominó de coisas ruins. Eu tinha 1 ano e 7 meses mais ou menos, segundo minha mãe.
MAS, a descoberta da minha surdez aconteceu quando eu tinha um pouco mais de 2 anos de idade. E quem mais desconfiava da minha perda desde o início foi o meu avô Antônio, o vovôzão! Segundo relatos, a gota d água foi quando o meu avô me chamou várias vezes e eu de costas não esboçava uma reação. Aí ele aproximou-se de mim por trás e bateu os pés fortes no chão, eu reagi imediatamente! A partir dali fui diagnosticada com surdez profunda bilateral. A esta altura do campeonato meu pais já estavam separados e eu estava morando na casa dos meus avós maternos em Belo Horizonte-MG.
Eu e meu vovôzão em Alcobaça-BA
Vocês devem estar se perguntando agora: Mas por que eles só descobriram bem depois a sua surdez?? Então, segundo relatos familiares, eu já falava um pouco antes de perder a audição e mesmo quando a surdez veio, a minha fala não "alterou". Apenas minhas reações mudaram. Eu olhava mais para os lábios e lia os lábios desde pequenina. Ou seja, desde pequena eu já buscava outros estímulos.  Até vir a confirmação da minha surdez, reinavam apenas desconfianças se eu estava apenas fingindo não escutar ou eu estava de fato ficando surda.E após o diagnóstico, todos foram ligando os fatos até chegar na idade aproximada da minha perda auditiva. A causa não foi precisa, haviam três possibilidades: medicamentosa (antibiótico Ilosone), infecção nos ouvidos e garganta e uma queda (mamãe caiu comigo no colo e bati a cabeça). A causa mais provável era a medicamentosa que causou um possível atrofiamento dos meus nervos auditivos. Minha família e eu passamos a minha vida quase toda crendo nessas possibilidades mais prováveis.
Minha família materna e paterna são numerosas, e sendo eu a primogênita (filha, neta e sobrinha), todos me paparicavam, fui cercada de muito amor. Recebi muitos estímulos através da família. Minha mãe, avós e tias são da área da educação (professoras) e esse também foi o diferencial na decisão da escolha da escola regular por onde estudei por anos (Instituto Montessori Criança Feliz - em Belo Horizonte) e fui muito bem assistida e feliz. Sempre estudei em escola regular, na mesma turma que os ouvintes e não aprendi a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais,tampouco necessitei dela. Aliás, minha mãe sempre foi a favor da minha oralização. Na época, as escolas “especializadas” em surdos misturavam surdos com deficientes mentais na mesma sala. AINDA BEM que minha mãe me poupou disso. Pois imagino eu, que se eu tivesse sido matriculada neste tipo de escola, eu com certeza não seria a pessoa que sou hoje: independente, extrovertida, sociável, observadora, esperta e MUITO TAGARELA,rs (tenho sangue baiano, puxei a vovó Clara). Sou totalmente oralizada, graças a Deus e a minha família!

Iniciei o acompanhamento fonoaudiológico  dos 4  anos até os 10 anos de idade com uma maravilhosa profissional, a Zélia Miranda. Ela além de ter todo o tato e sensibilidade de me desenvolver e preparar para o mundo, se tornou uma grande amiga. Praticamente me adotou como parte da família dela na época. Eu a amo muito! Ai, bateu saudades dela agora! :) Devo muito a ela pelo meu progresso. Foi através dela desde pequena que aprimorei a minha leitura labial, a minha percepção do mundo ao redor, a minha fala. O amor dela por mim fez tamanha diferença na minha vida.
Eu e mamãe
Devo MUITO a Deus por tocar e preparar toda a minha família para me guiarem no caminho certo. Sou uma surda totalmente oralizada, usuária da língua portuguesa e possuo uma ótima leitura labial. Claro, vindo de uma família de tagarelas natos, não era de se esperar outra coisa, hehehe. Minha família foi e ainda é minha maior aliada no meu progresso da fala e de vida! E também sou eternamente grata pela fonoaudióloga Zélia Miranda, pelo maravilhoso trabalho, sensibilidade, profissionalismo e amizade comigo, atributos que trouxeram ótimos resultados na minha vida.  Deus em sua infinita misericórdia me proporcionou uma vida tão abençoada. Ele me deu forças para encarar todos os obstáculos do preconceito (especialmente na infância que não foi fácil), das dificuldades, adversidades e principalmente aos desafios da vida. Louvo a Ele por tudo, todas as dificuldades que tive e ainda tenho no caminho, pois são através delas que busco a minha edificação. Eu adoro desafios, pois eles só me trazem uma certeza: aprendizado e superação!
Tenho 32 anos e sou uma eterna aprendiz de girassol! :) A luz é a minha direção. Aguardem as próximas postagens.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Diga NÃO à imposição!

Olá vidas! Desde que iniciei a minha busca por conhecimento sobre o Implante Coclear e tudo acerca ele, o meu interesse pelo assunto só aumenta e em consequência, a minha necessidade de compartilhar os aprendizados adquiridos também. Compartilho com vocês um texto super legal publicado pela Diéfani Favareto Piovezan, sobre as diferenças dentro do universo surdo.

"Desde que comecei a ter contato com outros surdos, eu noto divergências de pensamentos. Veja bem, quando digo divergências, eu me refiro ao radicalismo de alguns surdos usuários de LIBRAS e de outros tantos surdos usuários de Língua Portuguesa. Existe uma grande parcela que ou é bilíngue ou respeita a escolha do próximo, mas é TRISTE a quantidade de radicais que existem em ambos os lados. Para falar desse assunto de forma mais aprofundada, vou voltar muitas décadas na história. Durante mais da metade do século XX (vou me ater ao século que nasci) os surdos passaram por diversos problemas. Primeiro existia aquele conceito de que surdo deveria ficar em hospitais psiquiátricos a vida inteira. Naquela época chamavam de hospício mesmo. Muitas famílias não sabiam que seus filhos surdos eram perfeitamente normais e inteligentes e por falta de conhecimento, essas crianças eram enviadas para essas instituições, onde eram maltratadas e viviam em condições péssimas de higiene. Para as famílias que não enviavam seus filhos para esses lugares, muitas vezes sobrava a vergonha e uma vida inteira tentando esconder seus filhos da sociedade. Logo depois a Língua de Sinais foi tomando mais espaço, as escolas para surdos começaram a surgir e um mundo novo se abriu. Acontece que essas crianças e adolescentes que iam para essas escolas, acabavam ficando segregadas em guetos, não conseguiam se comunicar com a família, nem com o mundo lá fora. Acredito que foi baseado no fato de estarem se segregando, que alguém, em meados do século XX começou a proibir que Língua de Sinais fosse usada. A criança deveria aprender a ler lábios e a falar. A criança que OUSASSE usá-la, era castigada. Naquela época era permito alunos apanharem na escola, logo, essas crianças sofriam violência física única e simplesmente por estarem se comunicando com a língua que conheciam. Alguns anos mais tarde, língua de sinais voltou a ser permitida e essas pessoas podiam se comunicar livremente. Mas já adentravam uma década cheia de aparelhos auditivos, métodos de oralização e outras tecnologias. As famílias e muitas pessoas que os conheciam ficavam empurrando aquilo goela abaixo e com isso, começaram a se sentir oprimidos. Passaram muito tempo sendo castigados, hostilizados e violentados por tentarem se comunicar e com tanta novidade, é como se estivessem sendo proibidos disso novamente, especialmente quando alguém dizia “Você não quer fazer parte do mundo e ter uma vida boa? Então, use aparelho, aprenda a falar.” O que aconteceu, é que muitos já haviam passado da idade adequada para uma oralização eficiente ou uso também eficiente de aparelhos auditivos. As terapias de fala e de audição causavam extrema frustração, cansaço e tristeza. Queriam ser aceitos como são, não queriam que impusessem como deveriam se comunicar. Essa frustração às vezes levava à depressão. Eles percebiam o desapontamento dos familiares ao ver que seus filhos não progrediam como esperado. Era um estado de ansiedade extrema e crônica. Por tal opressão, frustração com o que lhes foi imposto durante tanto tempo e depois pressão para falarem e ouvirem, eles começaram a lutar pelos seus direitos e o movimento surdo foi ganhando cada vez mais espaço, ganhando mais adeptos e conseguiram até que língua de sinais fosse considerada como uma língua oficial ao invés de uma mera linguagem. Para aqueles que estudavam em escolas regulares, havia a lei que deixava claro que um interprete deveria ser disponibilizado, entre outras coisas. Mas enquanto esses surdos sinalizantes conquistavam seu espaço, a turma surda de usuários de Língua Portuguesa foi esquecida. Muitos se sentiam ouvintes, mas presos em um corpo surdo. Outros tantos se sentiam excluídos do mundo ouvinte, porque sabiam falar, sabiam ler lábios, mas era muito difícil e cansativo fazer parte desse mundo. Participar de uma conversa com 10 pessoas ao mesmo tempo, assistir uma aula com professor virado de costas em serem dependentes da família para telefone e várias outras coisas causava ansiedade, stress e depressão. Muitas vezes esses surdos procuravam seus semelhantes, e acabavam encontrando surdis usuários de LIBRAS e acabavam aprendendo a língua de sinais, dessa forma se tornando bilíngues, mas esses surdos faziam parte de uma singela parcela de sortudos que foram aceitos pelos surdos sinalizante. Havia os que se sentiam excluídos da comunidade surda, porque não sabiam usar língua de sinais, eram maltratados e hostilizados pelos surdos usuários de Língua dos Sinais. Outros muitos queriam mesmo fazer parte do mundo ouvinte, mas era estressante e frustrante não conseguir compartilhar plenamente das mesmas sensações. Ainda hoje, para a maioria das pessoas no mundo, um surdo é sinônimo se Língua dos Sinais. Acham que surdos são mudos e outros conceitos adquiridos de forma errônea. É chato precisar ficar o tempo todo falando da diferença entre surdos e ressaltando que você fala e entende porque lê lábios. É chato também a pessoa precisar ficar explicando que não precisa gritar, que isso não fará diferença e ainda atrapalhará na leitura labial, mas se tornou ainda mais cansativo ter que ficar explicando na escola “não, eu não preciso de  um interprete de LIBRAS, eu preciso de respeito do professor e colegas e um pouco de paciência.” Mais chato e estressante ainda é o fato de que muitas pessoas, incluindo familiares e professores, tentavam a todo custo insistir para que aquele surdo oralizado, usuário de Língua Portuguesa, aprendesse LIBRAS. Chegou um ponto em que muitas escolas incluíram na grade curricular a aprendizagem de LIBRAS para alunos surdos e suas famílias. E isso era imposto, o aluno tinha obrigação de ir, mas não era aquilo que queria, ele queria falar, ouvir o que conseguisse com suas próteses e ler lábios em paz, mas era difícil. Na década de 80, começaram a ser comercializados os implantes cocleares. Uma tecnologia inovadora e que tinha uma promessa: FAZER UM SURDO OUVIR. Devagar o implante coclear foi tomando mais espaço e mais e mais pessoas começaram a passar pelo procedimento cirúrgico para poder ouvir. O sucesso foi grande, não que todos tivessem a mesma resposta ao procedimento, mas em sua maioria, foram bem sucedidos. Anos 80, anos 90, a tecnologia indo cada vez mais longe e a partir de 2000 houve um estouro e uma grande popularização dos implantes cocleares. Pais de crianças surdas enviavam seus filhos ainda bebês para fazerem o procedimento, adolescentes e adultos querendo fazer. O fato é que o implante estava se tornando popular não pela promessa, mas porque cumpria exatamente o que prometia. Com essa popularização e com a possibilidade de ter seus filhos ainda bebês implantados para crescerem ouvindo, as instituições para surdos começaram a entrar em declínio. Muitas foram fechadas e muitas viraram escolas bilíngues. Quando um bebê nasce e é diagnosticado com surdez é muito comum que ao ser enviado ao otorrinolaringologista ou à fonoaudióloga, esses profissionais indiquem o implante coclear, pois pela alta taxa de sucesso, é provável que seus pais vão querer que os filhos façam parte do mundo com plenitude. Acontece que isso foi mal visto pela comunidade dos surdos sinalizantes, como os profissionais não indicavam LIBRAS e muitos pais nem procuravam saber e pesquisar sobre surdez, eles começaram a achar que uma nova ditadura estava sendo imposta, a dos implantes cocleares e que essa ditadura ameaçava o que eles haviam conquistado até agora. Desde então, o que se vê, é uma briga constante de surdos usuários de Língua dos Sinais e surdos usuários de Língua Portuguesa. Não todos, claro, apenas os mais radicais, mas e fato que a guerra parece nunca cessar. Os usuários de LIBRAS inventam mentiras sobre aparelhos, sobre oralização, sobre implantes e do outro lado, os que são usuários de Língua Portuguesa, atacam falando do português ruim, da “burrice” e outras ofensas. O que se vê, é um desrespeito infinito de ambas as partes, porque nenhum dos radicais se coloca no lugar do outro. Ao invés de aprenderem a se unir e lutarem juntos, agem como se fossem raças diferentes. Como se não fossemos todos humanos e fizéssemos parte da mesma escala evolutiva. Porém, os surdos usuários de Língua Portuguesa, não tentam exterminar e acabar com os direitos que já foram adquiridos pelos surdos usuários de Língua dos Sinais. Esse grupo não é a favor da LIBRAS, se alguém vier e perguntar o que acha melhor, esses radicais dirão “próteses, oralização, leitura labial e implantes cocleares.” E junto dos surdos não radicais que usam a mesma língua, tentam conseguir direitos como aulas transcritas em tempo real, closed caption e legenda em todos os programas de TV e cinemas (mesmo dublados e nacionais), entre outras coisas, mas nunca se teve noticia de que algum surdo usuário de Língua Portuguesa, quisesse que LIBRAS fosse extinta. Já os surdos usuários de Língua dos Sinais, não só continuam lutando pelos direitos, como fazem alguns pedidos descabidos. Por que descabidos? O mais atual e que tem gerado mais debate atualmente é: Querem que vestibulares e concursos públicos passem a ser 100% em LIBRAS. Ai varia um pouco, porque alguns pedidos enviados ao Ministério Público pedem que os usuários de LIBRAS tenham as perguntas dadas em forma de vídeo e que ela seja respondida por eles usando a Língua de Sinais, com algum interprete escrevendo a resposta no papel. Outros projetos pedem que as provas sejam em conferencias de vídeo e outros pedem que a prova seja dada em LIBRAS, mas em sua forma escrita (sim existe uma forma escrita cheia de símbolos ao invés de palavras). Além do citado acima, eles lutam para que LIBRAS seja obrigatório nas escolas para TODOS os alunos (até os ouvintes). A luta deles é por Língua de Sinais em todo lugar a todo custo e obrigatória. É impressão minha, ou isso parece um pouco similar ao que esses usuários de Língua dos Sinais viveram quando eram obrigados a falar e a ler lábios ao invés de usar as mãos para se comunicar? Eu respondo, não é impressão, a situação é exatamente a mesma, mas invertida. Parece que criaram de alguma forma, um medo de que aquilo vá acontecer novamente, então tentam impor que seus direitos virem obrigação de todos. Para todos os pedidos feitos, os juízes negaram os pedidos. Alegaram que é inconstitucional e que a própria lei que reconhece LIBRAS como uma língua, diz que ela não pode substituir a forma escrita da Língua Portuguesa. Porque eles são surdos e usam LIBRAS, mas são cidadãos brasileiros e devem aprender a escrever o idioma do país em que nasceram e domina-lo. Bom, além de tudo isso, eles alegam que o governo gasta um valor ridiculamente alto para implantes cocleares e nada na educação para surdos. Outros ainda criam comunidades e grupos como “Sou Contra o Implante Coclear” e ficam falando que dá choque, que causa retardamento cognitivo entre outras mentiras. Eu particularmente acho que o uso de aparelhos, LIBRAS, Língua Portuguesa, Implante Coclear e seja lá o que for, deve ser opção e não imposição, e que a escolha das pessoas e dos pais deve ser respeitada. Nenhum pai envia um filho pra fazer implante porque quer o mal dele, assim como nenhum adulto vai fazer o implante achando que vai morrer. Todos querem qualidade de vida. Também não acho que LIBRAS seja péssima escolha, acredito que o que falta é um bom apoio e uma boa base educacional nas escolhas por eles frequentadas, para que aprendam a dominar a escrita da Língua Portuguesa. Infelizmente a educação em nosso país é falha para a maioria da população seja ela ouvinte ou não. Nessa história toda, não existe o mocinho e o vilão. Existe apenas pessoas com medo. Não podemos no entanto, deixar que o medo cegue a todos. Eu proponho novamente que nós, surdos, bilíngues, usuários de Língua dos Sinais, usuários de Língua Portuguesa, devemos nos unir e lutar por uma causa em comum, lutar para que independente das escolhas, todos tenham seus direitos atendidos para viver com dignidade de acordo com aquilo que faz bem para a alma de cada um. Somados, somos mais de 9 milhões de surdos, acho que a luta de todos seria bem mais valida se houvesse união. E peço encarecidamente aos amigos usuários de LIBRAS ou Língua Portuguesa que fazem parte dos radicais, que  por favor, parem de brigar. Aos amigos usuários de LIBRAS, não tentem fazer com os outros o que por tanto tempo fizeram com vocês e causou tanto sofrimento, não é correto. Aos amigos usuários de Língua Portuguesa, peço paciência e tolerância, vocês sabem o quanto foi difícil dominar o idioma e aprender certas coisas, então não desmereçam o esforço dos outros. Somos todos humanos, somos todos iguais e todos queremos dignidade e respeito. Digam NÃO à imposição, seja ela qual for. envio de newsletters"

Um abraço! :)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O início do blog

Olá vida! Finalmente eu tenho um blog! :) 
Após muito pensar e refletir, criei coragem de criar um blog. Tive muitas dúvidas sobre me expor ou não. Por fim, decidi dar o primeiro passo nesta caminhada mesmo sem saber até onde chegarei...quero tentar! A princípio o meu objetivo é fazer do blog uma alternativa terapêutica própria através da expressão escrita dos meus sentimentos, emoções, pensamentos e experiências acerca minha surdez, meu implante coclear e a inclusão de um modo geral. Não sei qual será o resultado disso e nem tento imaginar...apenas darei um passinho de cada vez, seguindo minhas intuições. Intuição que descobri com o tempo, que é a minha maior aliada e cada dia mais tenho a confiança nela.
Minha mãe amadíssima sonhou enquanto ela estava grávida de mim que eu era uma florzinha amarelinha sozinha em um campo verde enorme. Eu era a única florzinha neste campo. Logo, escolhi o título do meu blog de APRENDIZ DE GIRASSOL, por que me identifico com o girassol. O girassol sempre se vira em direção ao sol, onde quer que ele esteja, mesmo que o sol esteja escondido atrás de uma nuvem. O girassol está sempre em busca da LUZ que dá a ele força, vitalidade, vigor e beleza. Mesmo quando o dia estiver nublado ou chuvoso, lá está o girassol sempre olhando em direção da LUZ . E saber captar o lado luminoso da vida significa aprendermos a valorizar e apreciar todas as coisas boas, enxergar o lado positivo até na tempestade, praticar a humildade, empatia, paciência e a partilhar o BEM. Eu sou uma aprendiz de girassol! Estou aqui para aprender e doar o bem.
Sejam bem vindos! :)